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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

os livros da minha biblioteca

por motivo de mudança de casa e consequente falta absoluta de espaço procuro leitor@s que desejem adquirir os livros da minha biblioteca (estudos literários, psicologia, romance lusófono e estrangeiro, poesia e etc.),
também tenho uma máquina de escrever antiga, com caixa em madeira, que continua a escrever como quando pertencia a um jornalista,
do mesmo modo, também procuro trabalho na área das artes e /ou da literatura,
 faço introdução de textos manuscritos em word e revisão de texto em Língua Portuguesa.
helenapintomarques@gmail.com

quarta-feira, 13 de julho de 2011

CAMA DE ALUGUER

Desnudas, as duas mulheres repousam no fofo colchão de uma enorme cama redonda de aluguer, lá para os lados de Belém.
Pastéis de nata e bebidas, o que haviam trazido da pastelaria.
Os raios do Sol, intensos àquela hora, atravessavam as translúcidas cortinas cor de pérola, marcando os seus corpos de sombras e de luz.
Lucília bebeu um último gole do seu duplo whisky puro, como gostava, e poisou o copo no chão do lustroso soalho, que já antes acolhera as nossas roupas, a caminho da casa de banho, onde nos revigorámos com um breve duche.
A seguir, ajoelhou-se na cama e disse:
- Mostra-me a tua ratinha!
Num súbito estremecimento, entrego-lhe o meu copo, que ela deposita gentilmente junto ao outro, apago o cigarro no cinzeiro que repousa sobre os lençóis, que ela recolhe igualmente, e recosto-me para trás.
A minha amante pega nas duas almofadas e coloca-as sob as minhas coxas. Depois, poisando ambas as mãos nos meus joelhos, afasta-me as pernas, expondo-me toda ao seu olhar.
Ela aproxima o seu rosto do meu sexo de mulher e eu, expectante e ansiosa, estremeço outra vez.
- Mas que linda ratinha… – diz a atrevida - Olha…, um cabelinho branco… Que giro. Queres que to tire?
Não? Também acho, fica-te bem.
Perante tal descoberta, não sei se me hei-de sentir velha ou, simplesmente, madura.
- Oh, impudicícia!
- Ah! Cá estão duas bochechinhas cobertas de pelinhos… Vamos separá-las a ver o que acontece…
Deliciada pelo toque das suas mãos, e pela conversa, sinto-me a derreter.
Explorando, ela descobre.
- Ah, ah! Com que então, é aqui que se escondem duas belas preguinhas de carne rosada…
Desconhecendo até ao momento a grave sensação de estar a ser cirurgicamente observada por um outro ser, continuo a desfazer-me.
Olha, o que eu descobri! Um capuchinho. Vou tocar-lhe levemente, só para ver como reage…
Resultado: um milagre da natureza feminina.
- Tchiii… Como ficaram grandes, os teus pequenos lábios, Sarita… E que vermelhos estão! – Exclama a observadora de sexos.
Fascinada pelo pormenor da descrição, rogo-lhe que continue a falar, e ela, exultante, prossegue.
- Vês? O capuchinho guardava uma secreta gema.
- Oh, sim… Conta-me tudo, quero saber… - respondo, a ensandecer.
Fazendo-me a vontade, ela diz:
- Observemos mais de perto…
Lucília sopra dentro de mim e uma brisa me invade toda.
- Olha, uma caverna… É minha! - Diz-me a torturadora a revolutear os dedos.
- Oh, não! – Grito.
Ponderando, ela interrompe-se.
- Não pares! – Torno a gritar - Conta-me como sou. Diz-me de que matéria sou feita. – Suplico.
Continuando na pesquisa, quase científica, da minha anatomia mais íntima, Lucília vai dizendo:
- Mas que toca tão húmida e rosadinha! Entremos um nadinha, a ver como se comporta…
Em transe, oiço-me a rogar.
- Pára! Não! Não pares!
E a louca responde:
- Este meu dedo espião apalpa e sente toda a tua terra, minha amiga…
- Humm…
- Ena pá, tantas bolinhas… e como é quente, a tua ratinha…
- Oh, deus! – Exclamo em brasa.
- Que bem que deslizo dentro de ti…
Agora, que ela brinca com o meu corpo, já não sei quem sou.
- Está-se a abrir, a ganhar vida… esta florzinha atrevida.
Como uma primitiva que fosse ao lago beber e um macho a atacasse, agitada, contorço-me, tentando escapar, mas é impossível. Enlaçando-me com as suas fortes pernas, a mulher domina-me e trava os meus movimentos.
- Sondemos mais fundo… - afirma a conquistadora.
Elástica, sinto que a minha vagina se distende e alonga para a receber.
- Uau! Tá-me a apertar, a dar beijinhos. – diz ela, satisfeita.
Num ápice, pega em mim e coloca-me de joelhos, as pernas abertas, a cabeça no seu peito, a boca nos seios, na posição mais humilhante que conheço, e já só oiço a minha outra boca a falar, a gemer, a cantar… Um estranho cântico que não posso interromper, porque já não me pertenço. E, das paredes do meu útero, escorre uma interminável seiva que lhe encharca todo o braço.
Febril, enfio a cara na curvatura das suas mamas, fartas e macias, desdobrando-me em ondas de volúpia e de paixão.
De repente, ela retira-se de mim.
- Uf! Estou a respirar…
Mas eis que investe de novo.
- Não! Está a invadir-me com a mão toda; sinto-o na minha carne ultrajada.  
Impossível conter um grito de dor. Mas, a dado momento, eis que a minha vagina se distende e contrai, num vaivém de perder o juízo, e o útero se eleva para a receber.
Já não choro. Antes sinto um difuso e estranho deleite.
Banhadas em águas subterrâneas que não param de escorrer das profundezas do meu ser, vejo-nos a copular, como duas cabras, à beira de um penhasco.
Num incontido impulso de lhe dar todo o prazer parto, então, em busca do seu segredo.
Sob a leve pressão dos meus dedos, a sua clitóride endurece.
Ansiosa de que, também eu, me entranhe nela, Lucília empurra a minha mão.
Prontamente, deslizo para um vaso repleto de sais minerais, que quase me engole viva.
De súbito, a um longo gemido de satisfação só posso responder de uma forma: penetrar mais fundo dentro dela.
Sem que o pudesse pressentir, esse foi o sinal para me acossar.
Ordenhando-me vigorosamente, a cabra ri e canta, triunfante.
Enquanto isso, todo o meu corpo se retesa e estremece, violentamente sacudido por águas diluvianas.
Orgulhosa, ela faz-me doer, mas a minha boca, enlouquecida, continua a dilatar-se.
Exausta, incapaz de fugir, imobilizo-me por completo.
Ela mexe, remexe… passeia-se por um bosque às primeiras horas da manhã, em busca de impensáveis espaços. E eu, para seu deleite, quase me deixo matar.
Não suportando mais tais assaltos sem me dissolver nas suas mãos, imploro-lhe que se venha.
- Dá-me o teu leitinho, querida. Aquele que sara as minhas feridas.
Mas ela diz-me que fique quietinha dentro dela, para aproveitar ao máximo o prazer que lhe dou.
Passa uma eternidade em que desespero. Mas eis que os meus martirizados dedinhos, dormentes, vêem emergir da sua carne uma multiplicidade de bolinhas.
É Nephentes, a terrível planta carnívora das húmidas florestas tropicais, que se contrai e me desfaz as falanges… Afrouxa e torna a contrair-se…
Finalmente, libertando um único e demorado grito de êxtase, a mulher pega na minha mão e retira-a de dentro de si.
No instante seguinte, tomada por um frenesi de fazer inveja ao diabo, ela vira-me e coloca-me novamente de joelhos, o rabo espetado no ar, extraindo da sua flor um favo de mel, daquele que só as mulheres têm, com o qual sara as minhas feridas.
Em vagas de rítmicos espasmos, todos os músculos se me retesam e assombrosas explosões de energia me cruzam o corpo em todos os sentidos.
Com os dentes, apanha-me uma orelha e diz-me ao ouvido que quase lhe esmago os dedos.
Em lava ardente, rebento nos confins do além mundo. E, sob a pele em chamas, descompassado, o meu coração bate com dificuldades.
Sei que estive à beira da morte.
Decorre um espaço incomensurável em que nos mantemos quedas, entrelaçadas, para descermos á terra, tempos depois, com pele de galinha. Cobrimo-nos, então, com o edredão, e dispomo-nos a dormir, mas o animal continua à espreita, pronto para começar a uivar….
Lá fora, brilha o sol de Inverno.

Passeio a Sintra (Portugal)

domingo, 3 de julho de 2011

PRIMEIRA PARTE DE UM ROMANCE PARA O QUAL GOSTARIA DE ENCONTRAR EDITORA

Perdida na imensa vastidão do Universo, a Terra vagava, cinzenta e disforme, numa eterna deriva.
De súbito, uma voz ressoou na noite escura:
- Faça-se luz!  
Repentinamente, uma centelha acendeu-se e um rasgo de luz rasgou a escuridão.
Decisiva, a voz prosseguiu:
- Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas!
Logo as águas se apartaram, dando lugar ao firmamento.
Então, a voz ditou.
- Juntem-se as águas num lugar e apareça a porção seca!
Assim emergiu a Pangeia!

Ao segundo dia a voz tornou a falar:
- Produza a terra erva que dê semente, árvore que dê fruto, e tudo segundo as suas espécies!
Em segundos, da Terra, outrora em chamas e ontem cinzenta e triste, brotou uma infinidade de vida.
No terceiro dia a voz proclamou:
- Haja estrelas no céu, para haver separação entre o dia e a noite, e que estas alumiem a terra!
O dia fechou-se repentinamente mas no céu surgiu uma multidão de estrelas e uma enorme Lua cheia.

Ao quarto dia, animada pelo poder da palavra, a voz arriscou um novo passo:
- Produzam as águas abundantemente répteis de alma vivente, e voem as aves sobre os céus!
Ultrapassados milénios de evolução assim num ápice, nos mares surgiram os Celacantos, os Peixes-Cobra, as Raias e os Tubarões; na terra surgiam os Dodos e as Avestruzes; no ar, mais leves que aqueles, voavam as Águias e os Falcões. Nas árvores, especialistas na arte da tecelagem, Aranhas montavam fatais armadilhas aos insectos.

Ao quinto dia a voz tornou a dizer:
- Frutificai e enchei as águas dos mares; e que as aves se multipliquem sobre a terra!

No sexto dia da criação, quando já todas as espécies de plantas e animais pululavam em alegre convivência a voz baixou à terra e, ajoelhando, murmurou:
- Façamos o Homem à nossa imagem, conforme à nossa semelhança…
Com um punhado de argila moldou dois pedaços de gente.
Deixou-os a secar ao sol e a seguir voltou. Nem uma fissura; estavam perfeitos. Agachou-se e soprou-lhes nas narinas.
Como dois gémeos, os bonecos abriram os olhos.
O homem sorria, mas a mulher não.
Teria algum defeito ou já previa o que a esperava num mundo criado por um Deus?

Alheia divina à criação, a Terra continuava a girar em torno do Sol.

Adão e Lilith fitaram-se demoradamente.

Ele estranhava-lhe os seios redondos, com os mamilos rosados, os seus longos cabelos, raiados de fogo, e a vulva, um triângulo de caracolinhos da mesma cor que a melena. Ela, o seu peito liso, os pêlos nas pernas, os músculos mais salientes, e o pénis.

Inocente, a ruiva estendeu a mão para o homem e tocou-lhe na cara ao de leve. A pele era menos macia que a dela própria. Passou-lhe a mão pela nuca e depois deixou que um dedo deslizasse pelo pomo, que se avolumava no seu pescoço.
Deliciado, ele puxou-a para si e beijou-a.

Enlaçados na relva fresca do paraíso, desfrutam do primeiro abraço. Mas chega rapidamente um momento em que ele pretende deitar-se sobre ela, que reage com uma estrondosa gargalhada.
- Ahahahahahahahahaha!
Atarantado, o homem estacou.
Aproveitando o pasmo deste, ela dá uma inesperada reviravolta e monta-o.
Embaraçado, Adão reclama:
- És feita para estares por baixo de mim e eu por cima de ti!
Mas Lilith torna a gargalhar - Ahahahahah! – E, insolente, responde:
- Porque tenho de ficar por baixo de ti? Somos iguais! Ambos viemos da terra!

Encaixado na mulher, sem querer, o homem ejaculou.

Escutando o tumulto, o criador desceu à Terra.
Ela, com o rosto afogueado e os cabelos em desordem montava o homem, pálido e boquiaberto.

Deus, que não criara a mulher para dominar, deu-lhe um pontapé e ela resvalou para o chão. De seguida intentou espezinhá-la, para que voltasse a ser pó, mas Lilith conseguiu ser mais rápida e rastejou para trás de umas silvas, ocultando-se do olho divino.

Furioso, Deus bradava a primeira maldição: - que Lilith e todas as suas filhas fossem esconjuradas, ao longo dos séculos, até ao apocalipse.

Lilith, apagada dos escritos antigos no século III d. C., no tempo do Imperador Constantino, que mandou que fossem vertidos para o Latim, manteve-se na Cabala Judaica, mas como um espírito maligno que incendeia os homens de desejo e mata os meninos dentro do ventre das mães.
Mas essa não é a verdade.
A verdade é que Lilith, a primeira e única figura feminista do Antigo Testamento, vai ajudar Eva a parir, vai ajudar, ainda que oculta dos homens, a mulher de Noé a cuidar da logística e da alimentação na Arca de Noé, guiando-nos pelo texto “sagrado” até que ele termine: à entrada dos Hebreus na “Terra Prometida”.

Lacrimoso, Adão não pára de chorar a perda da difícil amante. Então, vendo que não era bom ele continuar a lembrar-se dela, Deus decide fabricar-lhe uma outra mulher, mas desta vez a partir de uma sua costela, para que fosse submissa. Para esse efeito, soprou-lhe nos olhos e Adão caiu num profundo sono hipnótico.
Concluída a operação, com um estalar de dedos o homem despertou.
Deitada ao seu lado, Eva sorria-lhe.

Radiante, e já esquecido da outra, logo ele exclama:
- Esta sim. É osso dos meus ossos e carne da minha carne!

Satisfeito, Deus declarou:
- Multiplicai-vos! Enchei a terra e submetei-a!
- Dominai sobre os peixes do mar, as aves do céu e todos os animais que rastejam sobre a terra!

A partir daqui ficámos com a impressão de que os animais vivem por nossa causa, que nos pertencem, e que podemos fazer com eles o que bem entendermos. Nada mais errado, que esse pobre pensamento, pois todos os animais têm o seu próprio propósito para existirem e nós somos apenas mais uma espécie animal que com ela coabita esta terra, da qual todos somos hóspedes.

Escondida, Lilith observa a cena.

A convalescer da intervenção cirúrgica, a que fora submetido sem o saber, Adão deitou-se a dormir uma sesta.
Enquanto isso, curiosa, como as mulheres haviam de ser depois dela, Eva passeava-se pelo jardim.
A saltitar, daqui para ali para não pisar as pequenas lagartixas ou outros bichinhos rastejantes, a cantarolar ela foi até à beira do rio. Sentou-se numa pedra e deixou que os pés mergulhassem na água límpida, onde numerosos peixinhos nadavam quase à superfície.
Sobrevindo-lhe um profundo ardor religioso, ajoelhou e orou:
– Obrigada, Senhor… por tudo quanto nos destes! Pela paz, pela luz e o calor… obrigada, obrigada, Senhor!

- Mulher… - Chamava uma doce voz.

Ainda em transe, Eva ergueu-se e começou a caminhar na direcção daquela voz.

No meio do jardim, serpenteando pelos ramos única macieira existente, estava Lilith, a mulher serpente, que a fitava de olhar fixo.

- Comerás de toda a árvore do jardim! Não foi assim que Deus disse? – Sibilou a serpente.
– Sim… – respondeu Eva -, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim não podemos comer, porque certamente morreremos!
- Claro que não morrereis! – Disse a serpente - Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos e sereis como ele, sabendo o bem e o mal!
.

Desconhecendo a maldade, a mulher deixou-se convencer pelo desejo de saber e, colhendo uma maça, correu a levá-la ao amigo.
Este, ansioso por conhecê-la (no sentido bíblico) intentou pegar-lhe na mão e puxá-la para si, mas ela negou-se. Em contrapartida, afirmou:
- Come, Adão, o fruto da sabedoria!
Não vislumbrando nada mais sedutor que sexo, o homem pegou-a e jogou-a para o lado.
– Deixa lá isso, agora, mulher. Vamos primeiro conhecer-nos…
Mas ela não desistia. Apanhou o fruto e tornou a entregar-lho.
Então, mais para despachar aquele assunto do que por uma verdadeira vontade de saber, Adão deu uma trinca.
– Hum… Como é gostosa… - exclamou deliciado com o agradável sabor da maça.
- Eu não te dizia? – Alegrou-se a companheira – Agora os nossos olhos se abrirão e ficaremos a saber o que Deus sabe…

Deram as mãos e sorriram.
Buscando o seu peito, ela aninhou-se nele.

Temendo pela sua sobrevivência enquanto réptil, Lilith deslizou furtivamente pela árvore abaixo e foi rastejando, rapidamente se esfumando o seu rasto nas ervas do jardim.

Revelando, finalmente, o seu propósito, Deus referiu-se à mulher:
- Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua conceição; com dor terás filhos; e o teu desejo será para o teu marido e ele te dominará!
Por último, referindo-se ao homem afirmou:
- Porquanto deste ouvidos à tua mulher e comeste da árvore do bem e do mal, maldita é a terra por causa de ti! No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra, porque dela foste tomado: porquanto és pó, e em pó te tornarás!

Fulminando duas pobres cabras que por ali tiveram o azar de passar naquele preciso momento, esfolou-as ainda vivas e lançou as suas peles aos pés dos dois desgraçados, ordenando-lhes que com elas cobrissem as “vergonhas”. A seguir, fora do paraíso!

Envergonhados, Adão e Eva pegaram nas peles e afastaram-se com elas vestidas. Entretanto, dois inocentes animais ficavam pela primeira vez a agonizar naquela terra.

Manifesto Anti-Dantas

domingo, 3 de abril de 2011

Fogo Sagrado

Surgindo nos meus sonhos
e encontrando-me a chorar
Prometeu lançou-me o fogo
que me pôs a navegar

Sem bagagem
só em chamas
cruzei os Oceanos
e desci ao fundo do mar

Daquela que eu antes fora
uma outra era nascida
numa multidão de peixes-Lua
que no céu se reflectia.